Na primeira vez que se ouve falar de Kingdom Come: Deliverance, a comparação com The Witcher é inevitável – ambos com narrativas ricas, ambientados na era medieval, onde o protagonista percorre sua jornada em vilarejos e florestas do leste europeu do século XV. Mas Kingdom Come: Deliverance vai muito além das aparências; com uma jogabilidade que alcança qualquer limite que um RPG já chegou de personalização narrativa e um realismo digno de premiações, a Warhorse Studios criou uma aventura original, com fidelidade histórica que impressiona.
“Esse não é seu RPG habitual, cheio de ação. Tem um ritmo lento e muito similar a jogos de investigação, onde os diálogos são importantes e você precisa ter estratégia para ganhar” – diz Tobias Stolz-Zwilling, PR Manager da Warhorse Studios; e essa característica estrategista se aplica em todos os aspectos do jogo: desde uma luta com espadas, onde você deve identificar os melhores golpes para eliminar aquele determinado oponente; ou seguir a main quest se baseando puramente em pegadas de sangue no chão; até mesmo sua higiene, níveis de descanso e fome podem determinar seu sucesso.
Falando em main quest, outra questão interessante é as diversas possibilidades de abordagem; timming importa muito, pois o respawn de NPCs é propositalmente lento, de forma que você pode perder chances e acabar tendo que buscar o caminho mais difícil para a realização da tarefa. Além disso, o jogo pode ser levado sem que você precise matar uma única pessoa. Porém, se você decidir matar alguém, ir para cima de seus inimigos com uma espada ensanguentada te garante pontos de intimidação. Todos esses aspectos contam para que cada jogador tenha uma experiência completamente única de jogo.
O mapa é um espetáculo a parte; baseado de fato em mapas do século XV, a equipe da Warhorse Studios foi às florestas da República Checa para coletar escaneamentos 3D da vegetação, o que já lhes rendeu o título de “floresta mais bonita em um jogo” pela publicação alemã Gamestar. Esse aspecto realista segue inclusive nas cenas de batalhas, onde as opções de movimentos com espada são baseadas em lutas reais daquele momento na história.
Pra quem é viciado em jogos de RPG, Kingdom Come: Deliverance é um prato cheio da mesma essência. Porém, o jogo destoa de forma clara dos similares de sua categoria; a importância dada para investigação e diálogo é grande MESMO. Ao ler outras resenhas, eu achei que se tratava apenas de aspectos de storytelling, onde eu teria que realizar simples comandos enquanto a história prosseguia; ainda não tinha compreendido na prática o que significava o estilo de gameplay do jogo.
Às vezes a main quest depende somente da sua habilidade em conduzir um cavalo sem cair das pontes, ou em abrir um baú trancado usando lockpicking (que não é nada fácil – prepare-se para muitos reloads ou para gastar uma grana alta com lockpicks até você pegar o jeito). Para quem estava acostumada com RPGs com quests que envolviam principalmente entrar em dungeons, matar geral e recuperar algum artefato, tive que deixar de lado meus conceitos pré-definidos de como o jogo deveria ser e me permitir ser surpreendida, criando assim uma experiência única e inesquecível.
Comenta aí! ;)